Pesquisa sobre Didática com professores da Educação Básica
Entrevistei a professora Maria Iris do Céu
Silva Bernardo,60 anos , formada em História e professora de educação infantil em Paripe.
1- Você conhece a expressão Didática? O que entende por ela?
Sim, são os
recursos e o modo que cada professor tem de transmitir conhecimento. Um
professor que faz uso de uma boa didática ministra aulas leves e que tem um
aproveitamento muito melhor do que quem ensina de qualquer forma.
2- Existe algum momento na sua vida de aluno/a que ficou marcado na sua memória? Por quê?
Sim, muitos
alunos marcaram minha história como educador, mas observar a aprendizagem de
alunos com necessidades especiais marcou minha vida. Mesmo com turmas grandes,
inserir alunos especiais, a princípio, me assustou um pouco, mas perceber o
quanto nós podemos contribuir para que essas crianças possam ter uma vida
melhor e mais independente me deixa muito feliz.
3- Se você fosse um professor de um professor o que diria que ele nunca poderia fazer em aula?
Cada dia é um
dia único, o professor tem de ter sensibilidade para saber o que fazer em cada
aula, observar cada um de seus alunos e estimular o crescimento sempre. O
professor tem de ser um estimulador todos os dias.
Criando novas didáticas magnas através da poesia e da música.
Poema
O que na selva nasce
Descontroladamente cresce
Uma juventide sem a devida cultura
Em hábitos grosseiros perece.
Em qualquer parte do mundo
Há alguém que pode descobrir
Que obtendo a graça de Deus
A juventude pode conduzir.
O mundo anda selvagem
E vai de mal a pior
Mas a educação, na verdade.
É o que pode fazer o mundo melhor.
Os princípios da didática baseiam
as atitudes de pais, mestres e estudantes.
A escola, o estado e a igreja
Do exemplo de Cristo serão amantes.
Pro dia nascer feliz - 2007 - João Jardim
Leitura fílmica
Pro dia nascer feliz
O filme, “Pro dia
nascer feliz”, apresenta situações da educação brasileira a partir de escolas em alguns importantes lugares do país. A princípio observamos a
escola de Pernambuco, que está situada numa das cidades mais pobres do país até
chegarmos a uma escola considerada muito boa e com alunos de classe média alta.
Na escola pública de
Pernambuco observa-se que alguns professores tentam fazer seus alunos perceberem que a educação nos leva a um caminho e que a escola é sinônimo de
oportunidade. O comportamento dos professores nos mostra que os problemas com a
educação continuam os mesmos de tempos passados e sentimos que isso leva-os, como a professora Valéria, a desacreditar um pouco dos alunos.
A professora Denise
tenta mostrar a realidade da escola e fala de sua prática pedagógica no curso de
magistério. A professora conhece os meios para ter um bom curso, mas se sente
desestimulada, por isso, apresenta uma postura diferente da que acredita que
seja a correta.
Na escola de Duque de
Caxias percebemos imagens pela escola de obras de arte, o que nos
leva a imaginar uma escola que se preocupa com os conhecimentos artísticos. Os
adolescentes apresentam uma tendência a relações amorosas que acabam por
atrapalhar os estudos. A falta de aulas não indigna os alunos na mesma
proporção que desmotiva alguns da escola de Pernambuco, por exemplo, talvez
pelos sacrifícios que os alunos do interior fazem para participar das aulas.
No colégio de Duque
de Caxias os professores desacreditam até dos métodos que são oferecidos para
diminuir o índice de reprovação. Eles até aplicam esses métodos, mas não acreditam que seja uma
boa alternativa. Neste caso me vem uma dúvida: Por que levar os alunos a
participarem de dependências se nem o corpo docente, que tem por dever tentar
levar o aluno a recuperar conteúdos perdidos, não acreditam no que fazem?
Na escola de São
Paulo observei a ideia errônea de que a falta de condições financeiras afasta
os alunos dos meios culturais. Esse fato pode afastar de alguns desses meios,
mas não impossibilita de conhecer a cultura do nosso país ou até da sociedade
em que os alunos vivem.
Sabemos o quanto a
estrutura da escola influencia no prazer que as alunos e professores têm em
vivenciar o conhecimento, mas é outro fator que não impede que a construção do
saber aconteça.
Um relato que me
chamou muito a atenção foi o da professora Celsa. Ela aparenta ser uma jovem
professora, mas reclama de um cansaço que não é só físico. Uma frase dita por
esta professora, “O papel do professor é muito importante, mas ninguém dá
importância.”, talvez resuma um sentimento, que não é diferente dos demais
professores, de desestimulo e falta de fé no sucesso de seu papel na vida dos
alunos.
O mais interessante
na história da professora Celsa é a importância que ela tem na vida de alguns
de seus alunos, o quanto a professora chega a tocar sua turma. Uma de suas
alunas relata o desejo de escrever textos que toquem as pessoas como os textos
tocam sua professora e mais tarde, depois de formada, a aluna mostra sentir
falta do que o grupo literário da professora a proporcionava. Isso nos leva a
perceber a importância da relação do professor com seus alunos, sua didática e
como a relação aluno-professor pode marcar a vida deles.
Observei outra coisa
bem interessante, as aulas nas escolas particulares são bem diferentes das
aulas na escola publica. Os professores parecem bem mais motivados e bem
preparados. Por que será que isso acontece? Será que a concorrência do mercado
os leva a ser o melhor possível? As perguntas são retóricas e ao mesmo tempo
entristece. Acredito que o professor tem de pensar no futuro de seu aluno
sempre, independente da situação social de cada um.
As crises dos alunos
de escola particular são analisadas e tratadas de forma diferente de como os
problemas dos alunos de baixa renda. Percebi também que a maioria dos alunos de
escola particular pensam em um futuro melhor, se cobra mais e não são tão
conformistas quanto os de escola pública.
As relações
aluno-aluno são bem parecidas, alguns alunos possuem relações afetivas que permanecem,
outras que se dissolvem com o passar do tempo. Alguns alunos se desentendem e
existe até certa concorrência entre eles. A violência é mais presente em
escolas públicas, mas nas escolas particulares também existem alunos
indisciplinados.
Um depoimento bem
interessante é o do aluno de Duque de Caxias, em que as professores o aprovam
no conselho de classe e que uma professora diz o quanto o aluno melhorou. O
depoimento deste aluno nos mostra o quanto atividades extracurriculares pode
ajudar na aprendizagem e interesse nas matérias obrigatórias. O fato de o aluno
participar da banda da escola nos mostra que é possível uma escola com alunos
de baixa renda participarem de atividades artísticas é possível e estimula
muito o aprendizagem regular.
Concluo esta análise
com Commenius, em Didática Magna, que diz que: “Devem ser confiados à escola
não só os filhos dos ricos ou das pessoas mais importantes, mas todos em
igualdade, de estirpe nobre ou comum, ricos ou pobres, meninos ou meninas, em
todas as cidades, aldeias, povoados, vilarejos [...] Deus mesmo nos garante,
com mil exemplos, que ninguém é privilegiado perante ele.” (p.90). Isto é,
todas as pessoas, independente de suas classes sociais, têm direito a uma boa
educação.